Quão bobos
podemos ser quando acreditamos sem pestanejar? Inocentes a ponto de acreditar
sempre no melhor das pessoas? Porque insisto em acreditar nas entrelinhas
quando as linhas gritam palavras duras contra mim? Parece que estou jogando em
uma roleta viciada.
Ora, jogar?
Nunca fui boa com jogos, dizem alguns que é preciso estratégia ou saber blefar,
isso sempre complicou minha vida. Sempre gostei de apenas seguir e fazer minhas
verdades como guia. Como mudo tudo agora?
Quão
inocente posso ser a ponto de acreditar em olhares e sensações, quão dura devo
ser para ignorar tudo e continuar sorrindo? Quanto de mim tenho que mudar pra
me encaixar nesse mundo cheio de pessoas medrosas onde cada um vive em sua
bolha, sua fantasia?
Quanto
tenho que deixar de ser eu para deixar de sofrer? Quantos sorrisos desfeitos
porque sempre fui ruim em decifrar as pessoas. E não, não culpo os outros,
minhas ideologias furadas, minha visão otimista que sempre me coloca em
roubada. Acreditar, eis a palavra que deveria ser extinta do meu vocabulário, pois
admito que faço errado, uso-a em demasia.
Talvez um
dia aprenda a não me importar, a ignorar. Talvez eu crie minha própria bolha,
minha vitrine e sorria sempre com superioridade. Talvez também me arrependa de
ter entrado pra nuvem cinzenta daqueles que desistiram de tentar ser quem são
para engrossar a multidão sem rosto, sentimentos e propósitos.